Porto Alegre, 24 de dezembro de 2013.
Natal na Comunidade Madre Raffo - Belém Novo
"Então é Natal. O que você fez?...
Leitura da Carta da Madre Geral para Natal 2013.
Uma mulher disse “sim”
e Deus veio habitar entre
nós.
Fez-se carne, fez-se
esperança, fez-se luz.
A promessa se cumpriu. É
apenas uma criança, como tantas que, hoje,
nos interpelam, gritam,
clamam por esperança, vida...
mas são também esperança
de futuro.
Caríssimos,
augurando um Natal cheio de
alegria, convido todos a deixar-se conquistar pela doçura e pelo desafio do
Verbo feito um de nós, tendo presente que Ele continua a encarnar-se e quer
morar entre nós!
O Natal é o maior ato de fé do
nosso Deus na humanidade porque entrega o Filho Unigênito nas mãos de uma jovem
inexperiente e generosa, confiando totalmente nela. Maria disse “sim” e cuida
do recém-nascido, alimenta-o de leite, de carícias e de sonhos. Ela o fará
viver com seu abraço. Do mesmo modo, na encarnação nunca concluída do Verbo,
Deus viverá na nossa terra somente se nós cuidarmos dele, como uma mãe, a cada
dia (Ermes Ronchi).
O Natal é uma doce solenidade
porque é de família, de crianças, de beleza e de doçura. É um dia de ternura,
de emoção, de intimidade. É o dia em que se sente o encanto da bondade, o
fascínio de ser bons e, se assim não for, lamentamos. Mas, o Natal deve
tornar-se, para cada um de nós, o espaço para a reflexão porque, num Menino,
Deus se entrega em nossas mãos e nos pede para defendê-lo das injustiças que
ainda existem e nos convida ao encontro verdadeiro com todos, sobretudo com
aqueles que, por mil motivos, ficaram para trás.
S. Antônio Gianelli, por dois
anos consecutivos (1844-1845), fez os augúrios natalinos às Filhas de Maria
indicando a pobreza como meio indispensável para viver o mistério
da presença de Jesus Cristo no meio de nós e propondo-a como distintivo do
Instituto. Trata-se de uma pobreza que vive de alegria e contentamento, que
liberta, levando à itinerância para o serviço aos outros, para a missão. É a
itinerância que o próprio Filho de Deus assumiu ao fazer-se carne, ao fazer-se
esperança, luz, como diz a frase de abertura deste augúrio.
O pensamento do nosso Fundador
é muito atual na conjuntura histórica presente, no atual pensamento da Igreja
que nos chama, continuamente, à conversão, a opções de solidariedade, de
periferias, de caridade verdadeira, aquela que decide incluir “o outro”, o
pobre, na vida pessoal familiar, comunitária.
Que o Mistério do Natal ilumine
as nossas opções: ajudemos, inventemos, renunciemos a alguma coisa, procuremos
quem está mais próximo à nossa sensibilidade, mas vamos ao encontro daquele
Menino que, no Natal, interpela fortemente as nossas consciências.
Renovo os votos de um Santo
Natal de paz e de serenidade, no encontro com o rosto do pobre, aquele que me
oferece a oportunidade de contemplar e assimilar em profundidade o mistério
desta festa.
Considerando que, ainda hoje e
para sempre, o Verbo se faz Homem, “uma criança como tantas... esperança de
futuro”, partilho com vocês um escrito de Giuliana Martirani, que pode
ajudar-nos a dar um sentido profundo e global à festa que celebramos.
Ir. Terezinha Maria Petry
Superiora Geral
Roma, 2013/2014
Querido Jesus Menino,
quero avisar-Te...
Querido Menino, agora que, novamente, nasces criança na Terra, quero
avisar-Te:
Não nasças na cristã EUROPA:
te colocarão só diante da TV,
enchendo-te de pipocas e
salgadinhos,
e te educarão para ser
competitivo,
homem de poder e de sucesso,
a ser um “lobo” para as outras
crianças como africanas, latinoamericanas ou asiáticas.
TU QUE ÉS O MANSO CORDEIRO DO SERVIÇO.
Não nasças na cristã AMÉRICA DO NORTE:
te ensinarão que és superior às
outras crianças,
que tempo é dinheiro,
que tudo pode ser reduzido a
negócio,
também a natureza;
que cada ser humano “tem um
preço”
e todos podem ser comprados e
corrompidos; e te treinarão para disparar mísseis e fazer embargos
que tiram alimento e
medicamentos de outras crianças.
TU QUE ÉS O PRÍNCIPE DA PAZ.
Evita a ÁFRICA:
poderia te acontecer de nascer
com Aids
e de morrer de diarréia, ainda
recém-nascido,
ou de terminar refugiado num
País não teu
para fugir de novos massacres
dos inocentes.
TU QUE ÉS O SENHOR DA VIDA.
Evita a AMÉRICA LATINA:
acabarias menino de rua ou te
explorariam
para cortar cana de açúcar ou
colher café e cacau
para as crianças do Norte do
mundo
sem nunca poder comer uma só
barra de chocolate.
TU QUE ÉS O SENHOR DA CRIAÇÃO.
Evita também a ÁSIA:
te farão trabalhar 14 horas por
dia
para fabricar tapetes ou
sapatos, bolas e brinquedos
para dar de presente...no
Natal...
e Tu andarás descalço
e jogarás com bolas de papel ou
de pano.
TU QUE ÉS O DONO DO MUNDO.
Mas, sobretudo, não nasças...
de novo na PALESTINA:
alguns te colocarão um fuzil,
outros uma pedra nas mãos
e te ensinarão a odiar aos teus
irmãos... do mesmo Pai:
os
hebreus, os muçulmanos e os cristãos. TU QUE, A CADA ANO,
ÉS ENVIADO PELO PAI
PARA DAR-NOS O SEU
AMOR MISERICORDIOSO.
Querido Menino,
pensando bem, deves mesmo
renascer em todos esses lugares, mas não nos corações das crianças e dos Países
“pequenos e fracos”: lá já estás. Mas no coração dos grandes e dos Países
“grandes e poderosos”, porque, como Tu mesmo fizeste: Deus potente que se torna
criança impotente, renasçam também eles: pequenos, inocentes e, finalmente...
fracos.
Giuliana Martirani
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